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domingo, 24 de julho de 2011

A ciência da informação sob a ótica de estudos de usuários

                                             Fonte da imagem: aescritaeeu.blogspot.com


         O presente trabalho de reflexão crítica é o resultado de uma das propostas de avaliação da disciplina de metodologia de pesquisa, e, portanto, tem por objetivo apresentar uma breve reflexão entre ciência da informação e estudos de usuários de arquivo tema da proposta de dissertação de mestrado. Não é o objetivo da proposta de avaliação fazer uma reflexão muito extensa sobre as duas temáticas, mas um paper que contemple as temáticas anteriormente citadas.
No transcurso da disciplina o conceito de ciência foi amplamente discutido, se não, “desconstruído”, e, a partir das reflexões oriundas das discussões tanto em sala de aula como pela a leitura dos materiais  disponibilizados, pode ser percebido quão controversa e subjetiva é a própria “definição” de ciência e, ainda, como se não bastasse a polêmica a cerca desta última atrelar os conceitos de ciência e informação e definir ciência da informação, fez-me refletir sobre essa ciência e buscar embasamentos teóricos que reafirmassem ou negassem a reflexão de ciência da informação sob a ótica de estudos de usuários e, então, a partir desses estudos e questionamentos uma afirmação  de Le Coadic (2004) me chamou atenção para o objetivo dessa discussão, pois o autor afirma que:

“A ciência da informação, preocupada em esclarecer um problema social concreto, o da informação, e voltada para o ser social que procura informação, situa-se no campo das ciências sociais (das ciências do homem e da sociedade), que são o meio principal de acesso a uma compreensão do social e cultural” (LE COADIC, 2004, p. 19)

Pronto, estaria resolvido o meu problema de justificar o estudo de usuário como uma das possibilidades do exercício da função arquivística de difusão dentro da ciência da informação na afirmação  “voltada para o ser social que procura informação”, o usuário, se não fosse também por um detalhe, ou melhor  a seguinte reflexão: suponhamos que um paciente (ser social) procure o consultório de psicologia para a informação a respeito de um sintoma ou doença apresentado, a psicologia, poderia ser considerada também ciência da informação? Porém Buckland (1999 apud Rombredo, 2003, p. 77) a respeito da ciência da informação observa que “a área possui profundas raízes históricas na documentação e nos métodos (especialmente os baseados no uso dos computadores) para o processamento, a gestão e a utilização dos documentos” e para Deschâtelet  (apud Fonseca 2005, p. 27) “o objeto da ciência da informação é mais a transferência da informação de uma fonte para um usuário do que a informação em si mesma. Assim, essa área do conhecimento estaria voltada para a aquisição de conhecimentos, isto é, informações as quais se emprestou um significação” sendo assim, se percebe claramente, que o objeto da ciência da informação está mais voltada para o fenômeno de transferência da informação diferentemente da psicologia cujo objeto seria o estudo do comportamento do indivíduo, enquanto ser social, sua interação com o mundo e com a sociedade e segundo Bock (1997) a autora afirma que a concepção sócio-histórica em Psicologia, está fundada em cinco pontos básicos e entre eles o de que:

 “O homem concreto é objeto da Psicologia: A Psicologia deve buscar compreender o indivíduo a partir da inserção desse homem na sociedade. O indivíduo só pode ser realmente compreendido em sua singularidade, quando inserido na totalidade social e histórica que o determina e dá sentido a sua singularidade”

Diante das discussões propostas ficou claro o objeto de estudo da ciência da informação e o porquê de pesquisas de estudos de usuários serem perfeitamente aplicáveis na ciência da informação, mas para fechar essa breve reflexão crítica, fica, mais uma reflexão final a ser desenvolvida na afirmação de Summers, Oppenheim, Meadows, McKnight e Kinnel (1999 apud ROMBREDO, 2003, p. 76) “é provavelmente inútil tentar traçar os limites da ciência da informação: os limites estão mudando constantemente”

Referências

BOCK, A. M. B. Formação do psicólogo: um debate a partir do significado do fenômeno psicológico. Psicol. cienc. prof.,  Brasília,  v. 17,  n. 2,   1997 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98931997000200006&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em  14  jul.  2011.

FONSECA, M. O. A arquivologia e a ciência da informação. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2005. 124p.

LE COADIC, Y. , A ciência da informação. Trad. Maria Yêda F. S. de Filgueiras Gomes. Brasília: Ed. Briquet de Lemos, 2004, 124p.

ROMBREDO, J. Da ciência da informação revistada aos sistemas humanos de informação. Brasília: Ed. Thesaurus, 2003, 262p.

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